O livro e o cálice
“O livro e o cálice”. Foi nestes termos que o papa João XXIII apresentou a Missa. O livro contém a palavra de Deus, e o cálice o sangue da Aliança.
O livro comporta dois volumes: o missal, livro da Oração eucarística e das outras orações sacerdotais; e o lecionário, ou livro das leituras. O primeiro repousa sobre o altar, o segundo é levado pelo diácono na procissão de entrada ou é colocado diretamente no ambão.
Os cristãos herdaram do judaísmo o culto do livro santo. Sabemos de quanta veneração os judeus rodeiam a Thora. Durante a missa, muitos são os sinais de homenagem prestados ao livro da palavra de Deus, especialmente no momento da proclamação do Evangelho.
Se o lecionário é o livro dos leitores e do diácono, o missal é o do bispo ou do presbítero celebrante.
O cálice é rico de significado bíblico. Em Israel, a taça é por vezes um objecto precioso, mas vale sobretudo pelo seu conteúdo. Pode ser um vinho excelente , sinal das prodigalidades de Deus para com os seus, um anúncio do Reino que vai chegar. Pode ser um vinho amargo, símbolo do sofrimento, como o cálice que Jesus há-de beber na sua paixão.
É este o simbolismo do cálice que o Senhor Jesus apresentou aos seus apóstolos, na tarde de Quinta- feira Santa, cálice da nova Aliança no seu sangue . Assim se compreende que um antigo calendário das Gálias tenha mencionado este dia como o natale calicis, o nascimento do cálice. Assim se compreende também que os cristãos tenham querido rodear de respeito o cálice da celebração eucarística e escolher, para o fabricar, um material precioso, ouro, prata ou pedra rara.
Ao lado do cálice, há que evocar também a patena, o prato que recebe o pão consagrado.
Adaptado de Pierre Journel, A Missa Ontem e Hoje, SNL